sexta-feira, junho 09, 2006

A INTEGRAÇÃO DA AMÉRICA DO SUL MORREU? ORA, VIVA A INTEGRAÇÃO!

Todos os comentaristas dos maiores jornais, tevês e rádios do Brasil dão como certíssima a morte da integração econômica da América do Sul. As razões para esse suposto falecimento variam da nacionalização do gás natural boliviano pelo presidente Evo Morales à recente intromissão (desastrada) de Hugo Chávez na sucessão presidencial peruana.

Na opinião dos nobres colegas, Evo, Chávez e outros (como o vacilante Tabaré Ramón Vázquez, do Uruguai, que quase assina tratado bilateral de livre comércio com os EUA e implode o Mercosul) tomaram decisões estratégicas no sentido oposto á integração.

Uma sugestão aos colegas comentaristas: é melhor fazerem como manda aquele comercial de televisão e reverem sua opinião.

Afinal, processo de tal magnitude - a integração de 12 países de condições e situações extremamente diversas - é processo político de alcance e duração históricos. E, como tal, navega em altos e baixos. Ora avança, ora precisa recuar.

Quem teve essa percepção e a expressou ontem (8 de junho de 2006) foi o economista Paulo Nogueira Batista JR, que em sua coluna lascou:

"Aos trancos e barrancos, a integração da América do Sul continua avançando. Bem sei que não é essa a impressão dominante. Grande parte da mídia brasileira cobre o assunto com má vontade e tende a exagerar as dificuldades e os tropeços. A julgar pelo noticiário, o projeto sul-americano está em frangalhos, e o Mercosul, na UTI. Os nossos conflitos de interesse com a Bolívia, por exemplo, receberam mais destaque do que um fato muito mais importante: a conclusão das negociações para a adesão da Venezuela ao Mercosul, que aconteceu no final de maio, em Buenos Aires. Ficou estabelecido que, no prazo máximo de quatro anos, a Venezuela adotará a TEC (Tarifa Externa Comum) e as demais normas do Mercosul. E passará a integrar, desde logo, a delegação do bloco em negociações com terceiros."