“ESCOLA DAS AMÉRICAS” NO URUGUAI
Lembram daquela estória da instalação de uma base militar dos EUA no Paraguai? Pois, agora um quiprocó desse mesmo quilate se mudou de mala e cuia para o Uruguai.
O semanário Brecha, tradicional jornal da esquerda uruguaia, revelou na sua edição de 30 de junho que os governos dos EUA e do Uruguai negociam um acordo para instalar no Uruguai uma “escola para treinar missões de paz” para militares de todas as partes do mundo, ao custo de um milhão de dólares.
É bom lembrar que, a exemplo de Assunção, Montevidéo também reclama de ser preterido no Mercosul por Argentina e Brasil e quase já assinou um acordo de comércio livre com Washington – o que implodiria o bloco.
Ouvido por Brecha, o subsecretário de defesa do Uruguai, José Bayardi, admitiu que há “grande interesse” dos dois governos em desenvolver o centro. Este, disse Bavardi, também combateria “emergências e possíveis desastres naturais”.
Para bom desconfiador, meia palavra basta: não está claro o que significam os tais “desastres naturais”. Mas, o fato é que o Uruguai fica bem acima do aqüífero Guarani, a maior reserva de água doce subterrânea do planeta. Ela vai, por debaixo da terra, do Paraguai até Minas Gerais, e é capaz de alimentar o atual consumo humano no planeta por quase 2500 anos.
Várias multinacionais já perceberam o valor econômico incalculável que tal reserva d´água potável representa e estão instalando unidades industriais em regiões de afluência do aqüífero.
O centro de treinamento seria desenvolvido pelo Comando Sul do exército estadunidense , o mesmo que opera a Escola das Américas no Panamá, um tradicional centro de produção de conhecimento de técnicas de tortura.
A Escola treinou de agentes a dirigentes de várias ditaduras da América Latina, inclusive do Brasil, desde sua fundação em 1946.
Além do temor de que o novo centro no Uruguai venha a se transformar em novo banco escolar da tortura, a simples menção de sua discussão desperta a dúvida: para que tal centro?
Outro fato que exige manter a orelha em pé. Bayardi também disse a Brecha que o próprio chefe do Comando Sul, o amplamente poderoso general Bantz Craddock, está à frente das negociações.
Para diplomatas brasileiros atentos e preocupados, Craddocck não se movimenta à toa.
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