quinta-feira, julho 27, 2006

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A Cúpula de Córdoba, aliás, produziu pelo menos outras duas possibilidades de aliança forte no campo financeiro, entre os principais atores da América do Sul: Argentina, Brasil e Venezuela.

Brasil e Argentina estudam retomar o Convênio de Créditos Recíprocos (CCR), uma espécie de câmara de compensação comercial que funcionou a pleno vapor na década de 1980 entre os países da América do Sul. A Interbrás, subsidiária extinta da Petrobras para o comércio internacional, era uma das suas principais operadoras.

A idéia é simples: trocam-se produtos por produtos, prescindindo-se de uma moeda internacional (que só podem ser o dólar ou o euro). De tempos em tempos, faz-se a compensação dos valores dos produtos e pronto: não se precisa submeter-se às pesadas taxas cambiais nem depender dos humores Federal Reserve dos EUA. E, de quebra, fortalece-se as moedas dos países envolvidos.

Um exemplo do absurdo que é a utilização do dólar como moeda padrão, por economias que nada têm a ver com a emissão de dólares. O Brasil paga à Bolívia um determinado valor pelo gás natural que compra segundo uma fórmula que envolve até a projeção de inflação estadunidense e a projeção do barril de petróleo no mercado internacional!

Ou seja: em tese, meu tio velho do interior de São Paulo, que usa em sua casa o gás importado da Bolívia, acaba sendo afetado se os xiitas do Iraque interromperem o fornecimento de petróleo aos EUA.

Outra possibilidade que emerge de Córdoba: a atuação coordenada dos sulamericanos, com presença marcante dos venezuelanos, em setembro, na assembléia anual do FMI em Cingapura.

O Fundo também vai se reunir com o Banco Mundial em mais uma tentativa de encontrarem uma nova identidade após a falência das políticas que ambos preconizaram.

A propósito: os dois servem para que, mesmo...?