INDÍGENAS X BANCO MUNDIAL
Desde a semana passada, indígenas de diversas etnias de Mato Grosso estão em pé de guerra contra dois velhos inimigos: o governo brasileiro e o Banco Mundial.
O motivo é a provável pavimentação de um trecho da BR-163 contíguo a cinco terras indígenas que somam 10 milhões de hectares. O governo anunciou em maio que asfaltará a rodovia, projeto considerado prioritário pela administração Lula para escoar grãos e outras mercadorias provenientes do centro-oeste para os mercados da Europa, além de eletroeletrônicos da Zona Franca de Manaus para o sudeste brasileiro.
Além do inimigo interno, os indígenas miram o front externo. Em junho, o Banco Mundial prometeu ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) empréstimo de 500 milhões de dólares para restauração de empréstimos federais, contanto que seja excluída a exigência de relatório de impacto - em claro desrespeito à Constituição Federal.
A estrada liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA) e tem 1,8 mil quilômetros de extensão – mil sem asfalto. Corta Cerrado, Floresta Amazônica e áreas densamente florestadas, onde a presença humana é quase nenhuma. O Ministério do Meio Ambiente a considera uma das áreas de maior incidência de diversidade biológica, prioritária para conservação. Ali também é a casa de várias etnias indígenas. È uma das marcas da ditadura militar. Lembram do “integrar para não entregar”?
Ocorre que, até agora - e aí está a razão da ira dos guerreiros - não foram fixadas as compensações para as comunidades nem as ações para prevenir a grilagem na região – que já começou a ocorrer desde que foi anunciado, há uns cinco anos, a intenção de asfaltar a BR.
1 Comments:
Tive a (in)felicidade de participar de umas das primeiras reuniões do plano governamental de compensação para os povos direta e indiretamente afetados pela pavimentação da BR-163. Todas as colocações dos técnicos representantes dos órgãos federais indigenistas (FUNAI, FUNASA, MMA) eram sumariamente ridicularizadas pelos assessores da casa civil, que deixaram bem claro que a pavimentação aconteceria sem ou com um plano mitigatório dos impactos para as milhares de pessoas cujas vidas seriam gravemente afetadas pelas tantas consequências que um empreendimento puramente econômico como esse pode causar.
Essa é a cara do governo Lula. Cara branca, elitista e economicista.
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