GRATZ BATEU ASAS PARA O RIO
Lembram-se do José Carlos Gratz, aquele ex-presidente da Assembléia Legislativa do Espírito Santo cuja destituição foi uma vitória da sociedade capixaba na luta contra a corrupção institucional no Estado?
Ele ainda sofre uma penca de acusações, que variam de corrupção à compra de sentenças judiciais, mas foi solto na noite desta terça (8).
Gratz fora preso na sexta (4), no Rio de Janeiro, por agentes da seção fluminense da Polícia Federal e depois transferido para Vitória. O habeas corpus partiu, na segunda (7) do desembargador André Fontes, da 2ª Região do Tribunal Regional Federal, que já emitira a ordem de prisão cautelar na sexta passada.
Com Gratz, também bateu asas o ex-diretor do Legislativo capixaba, André Luiz Cruz Nogueira.
Por exigência de Fontes, Gratz se comprometeu a fixar residência no município do Rio de Janeiro (como se já não bastassem os problemas que os cariocas têm com a violência e a corrupção). Nogueira pode permanecer no Espírito Santo. Assim, avalia o desembargador, evita-se que ambos conversem entre si, constranjam testemunhas e interfiram na condução dos processos a que estão submetidos.
Além desse argumento – questionável, porque desde 1876 um tal de Graham Bell inventou o telefone, aparelho que hoje permite a Gratz e Nogueira conversarem com quem quiserem, em qualquer parte do planeta –, o desembargador Fontes também aceitou outras excusas utilizadas por bandidos de todos os quadrantes, naipes e escalas.
“O ex-parlamentar é portador de uma doença grave, cujo tratamento não seria possível na prisão. Já André Nogueira comprovou no processo que tem um filho portador de necessidades especiais, sofrendo muito com a ausência paterna.”, diz a assessoria do TRF.
Quem não gostou nada da decisão foi o Ministério Público. A prisão de ambos havia sido pedida pelo MP Federal.
Nesta quarta, o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Nicolao Dino, voa de Brasília para Vitória. Junto com a procuradora-chefe substituta da Procuradoria da República no Espírito Santo, Elisandra de Oliveira Olímpio, vai soltar os cachorros sobre a decisão judicial, em entrevista coletiva marcada para as 16 horas (péssimo horário para os jornalistas repercutirem a coletiva).
Segundo a ANPR, eles vão “refutar as afirmações do advogado Rodrigo de Paula de que o juiz Macário Ramos Neto [que conduz os processos contra Gratz] estaria sendo vítima de perseguição do Ministério Público”.
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