UM DUELO NA AMAZÔNIA
A Amazônia é cenário de uma disputa que envolve dezenas de bilhões de dólares, duas das maiores estatais brasileiras e a uma dupla de empreiteiras que há décadas empresta seus nomes a grandes obras e algumas denúncias muito mal explicadas. Nem de longe se sabe quem sairá vencedor, mas o derrotado já foi escolhido: regiões inteiras consideradas pelo Ministério do Meio Ambiente como prioritárias à conservação da diversidade biológica.
Furnas, que nunca instalou usinas no norte, alia-se à Odebrecht e pressiona pela construção de duas megahidrelétricas (Jirau e Santo Antônio, com capacidade total de 6450MW) no rio Madeira (RO), enquanto a Eletronorte mantém um casamento de décadas com a Camargo Corrêa para instalar no rio Xingu (PA) a usina Belo Monte, gigante de 11 mil MW (capacidade média de 5 mil MW) que foi reestruturado para disfarçar o antigo nome, Kararaô, que tanta rejeição angariou na década de 1980, quando sua construção, no projeto antigo, alagaria terras indígenas.
Hoje, as hidrelétricas do Madeira inviabilizam a do Xingu e vice-versa. Em uma economia de crescimento baixo e taxa de crescimento populacional decrescente, não há garantia de mercado para comprar tanta energia. Além disso, pesquisadores levantam a possibilidade de ambos os projetos serem, em verdade, inúteis.
Em relação às usinas que a dupla Furnas&Odebrecht projeta para o Madeira, há o risco de elas fornecerem energia que induziriam ao desmatamento de toda porção ocidental da Amazônia brasileira, que seria ocupada por pólos agroindustriais que exigiriam a ocupação de 30 milhões de hectares de floresta com plantações de soja, de outros grãos com colocação no mercado internacional e gado.
Tudo para exportação.
Quase nada para ser consumido no Brasil.
Abaixo, você terá um dossiê sobre os interesses às vezes claros, às vezes menos evidentes, dos interesses que envolvem os projetos do rio Madeira, de um lado, e do Xingu, no campo oposto.
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