sexta-feira, janeiro 25, 2008

O PAC DOS POBRES

Carlos Tautz

Previsíveis, as avaliações do governo sobre o primeiro ano do PAC são as mais otimistas. “PAC na área de energia tem 83% das ações com andamento adequado”, afirmou a ministra de fato das Minas e Energia, Dilma Roussef. “Programa não sofrerá cortes”, garantiu o Ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
Mal ou bem, o PAC das grandes obras vai sendo tocado sem solavancos. Empreiteiros, consultores e financiadores que se equilibram desde o Brasil Grande seguem dando gargalhadas com as taxas de retorno desses projetos, em sua maioria voltados para azeitar a máquina de exportação de produtos com baixo valor agregado. Dormem tranqüilos porque está mantida a lógica da produção e de distribuição de riquezas no Brasil: a produção voltada para o mercado externo e a renda, sendo concentrada no mercado interno.
Já o PAC do pessoal da base da pirâmide – o dos pobres -, ainda precisa entrar em campo. Para essa base, que não estava representada anteontem na cerimônia de apresentação das avaliações oficiais, o governo ainda continua a dever um programa de desenvolvimento de longo curso que lhes garanta cidadania ampla, geral e irrestrita – leia-se, justiça social, educação de boa qualidade, saúde eficiente etc etc. E isso, por mais que a economia bombe em 2008 e nos anos seguintes, ainda não está no horizonte.
Em verdade, o PAC da exportação em massa de commodities (é isso, no fundo, o que as estradas, portos e ferrovias do PAC significam) não se propõe a alterar esse modelo. Ele até o radicaliza e refina.
Na cidade partida do Rio de Janeiro, a implementação de programas urbanos (cerca de R$ 3,5 bilhões para saneamento e habitação em favelas) ganha contornos perversos, típicos da nossa concentração de renda e do lugar que nela é reservado para os sobrantes, os pobres. Para eles, o PAC se inicia com polícia, sua velha conhecida.
Bope, Força Nacional de Segurança, PM e Polícia Civil - no total de três mil soldados - vão repetir em meados de março uma megaoperação policial e militar que teve uma avant premiére em 2007.
Para combater os traficantes que supostamente controlam o Complexo do Alemão, no subúrbio do Rio, e estariam ameaçando as obras do PAC, o governo estadual volta a apostar no modelo colombiano de enfrentamento aberto com os bandidos. Nada informa sobre o que fará para proteger as milhares de pessoas honestas que vivem a região.
Na Colômbia, onde esse tipo de enfrentamento foi planejado, a violência urbana era responsável por 95% das mortes violentas no País, incluindo os mortos da guerra civil que dura mais de 40 anos. Mesmo assim, o governador Sergio Cabral está encantado por essa estratégia e volta e meia tenta emplacar aqui uma ou outra medida do tipo (há poucas semanas, também quis proibir, sem sucesso, que motocicletas transportassem duas pessoas)
Em 2007, o Complexo do Alemão foi alvo de ocupação semelhante (1300 tiras) entre maio e junho. O saldo da guerra foi impressionante: mais de 40 mortos – nenhum policial – e 70 feridos.
Ainda que o Alemão tenha um “alto” número de traficantes armados até os dentes (a Secretaria de Segurança nunca precisa esta quantidade), é emblemático que obras de infra-estrutura social numa das regiões mais pobres do Rio sejam precedidas por uma enorme e espetacular ação do braço armado do estado.
É assim, infelizmente, que se governa no Brasil: aos amigos, grandes projetos. Aos pobres, polícia. (Também publicado em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?cod_post=87875)

China cresceu 11,4% em 2007 e traz de volta a tese do 'descolamento'

O Globo - 25/01/2008

Expansão é a maior em 13 anos. Números eram aguardados com ansiedade

Gilberto Scofield Jr.

Apesar dos sinais de enfraquecimento da economia dos EUA, a locomotiva chinesa continua em disparada. A China anunciou ontem que, em 2007, o produto Interno Bruto do país (PIB, o conjunto de bens e serviços produzidos) alcançou 22,66 trilhões de yuans (US$3,42 trilhões), o que significa uma taxa de crescimento de 11,4%, a maior dos últimos 13 anos. Trata-se do quinto ano consecutivo de crescimento econômico acima de 10%. No ano anterior, o país crescera 10,7%.

O índice Nikkei da Bolsa de Tóquio fechou em alta de 2,1%. Em Cingapura, o índice Strait Times subiu 2,23%, e a Bolsa de Hong Kong, 3,1%. Em Xangai, a alta foi mais tímida, de 0,3%.

O resultado do PIB, que ajuda a reforçar a tese de "descolamento" da crise americana, ajudou a impulsionar os mercados. Num momento de incertezas sobre os efeitos da crise das hipotecas americanas sobre a economia mundial, o governo da China está tranqüilo e garante que 2008 será um período de crescimento forte para o país, ainda que um pouco menor que o do ano passado, segundo Xie Fuzhan, diretor do Escritório Nacional de Estatísticas (ENE), o IBGE chinês.

Os sinais de recessão nos EUA e a valorização gradual do yuan já fizeram as exportações chinesas crescerem um pouco menos no último trimestre de 2007, mas a maior preocupação da equipe econômica da China para este ano é mesmo com a inflação e a ameaça ainda existente de superaquecimento em determinados setores da economia. Ano passado, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) fechou em alta de 4,8%, bem acima da meta de 3% fixada pelo governo (6,5% somente em dezembro) e a maior taxa anual dos últimos 11 anos.

- Depois de atingir o pico de crescimento de 11,9% no segundo trimestre de 2007, a economia chinesa cresceu menos a cada trimestre: 11,5% no terceiro e 11,2% no quarto. Mesmo assim, o risco de se passar de um desenvolvimento rápido para o superaquecimento ainda existe - disse Xie Fuzhan. - Sobre a inflação, a pressão de alta continuará grande em 2008, mas precisamos aguardar ainda um pouco para acompanhar a eficácia das últimas medidas do governo.

Na semana passada, a China anunciou o congelamento de preços de vários produtos às vésperas do feriado do Ano Novo chinês, dia 7 de fevereiro. Ontem, uma reportagem no "China Securities Journal" mostrou que o Banco Central chinês vai lançar um série de medidas de controle dos empréstimos bancários para investimentos, seja na aquisição de empresas, seja na construção civil. Os bancos chineses já têm tetos trimestrais para empréstimos em 2008. E uma força-tarefa foi criada para investigar o nível de exposição das instituições às hipotecas de alto risco dos EUA.

Apesar de todas as medidas, muitos acham que a China ultrapassou a Alemanha em 2007 (ou ultrapassará este ano) no ranking dos maiores PIBs do mundo.

Superávit comercial foi recorde e cresceu 47%

- O país cresceu muito em 2007, mas não a ponto de ultrapassar a Alemanha como terceira maior economia do mundo, especialmente por conta das variações cambiais - disse Xie. - Ainda que ultrapassemos os alemães este ano, isso não significa muita coisa. Há um abismo separando as rendas per capita entre os dois países.

O superávit comercial com o mundo bateu recorde: US$262,2 bilhões, numa alta de 47,7%. A alta das exportações (US$1,2 trilhão) foi de 25,7%, mas 1,5 ponto percentual menor que a de 2006. Já as importações (US$955,8 bilhões) cresceram 20,8%, 0,8 ponto percentual acima do valor de 2006.

sábado, janeiro 19, 2008

TRANSGÊNICOS ENCHEM OS COFRES DA MONSANTO

Empresa lucra com demanda crescente por alimentos

Der Spiegel

Os lucros da Monsanto estão aumentando aceleradamente. A produtora de sementes geneticamente modificadas tem sido a principal beneficiária da crescente demanda por alimentos e fontes alternativas de combustível. Agricultores do mundo inteiro, principalmente dos Estados Unidos, Argentina e Brasil, estão plantando mais sementes da Monsanto, a maioria delas transgênicas para resistirem a herbicidas e repelirem insetos.

Os rendimentos da empresa no primeiro trimestre quase triplicaram, indo de US$ 90 milhões para US$ 256 milhões, graças em parte aos fortes resultados da temporada de plantio dos mercados latino-americanos. As vendas nesse período subiram 36%, chegando a US$ 2,1 bilhões. Os números ultrapassaram as estimativas de um grupo bastante otimista de analistas de Wall Street, e a Monsanto ultrapassou sua meta para o ano inteiro. As ações deram um salto de mais de 8% em comercialização em 3 de janeiro, fechando em US$ 120. E isso foi depois que os investidores já tinham desfrutado de grandes alegrias, pois, em 2007, a Monsanto foi um dos membros de melhor desempenho no índice de ações das 500 maiores empresas da Standard & Poor, com uma alta de 115%.

Provavelmente não constitui surpresa que a Monsanto, uma gigantesca participante do mercado de sementes, tenha se saído tão bem no momento em que o preço das safras atinge a estratosfera. Numa videoconferência com analistas na manhã de 3 de janeiro, o diretor-presidente da Monsanto, Hugh Grant, disse que "a necessidade por grandes plantações em fileiras (milho, soja e trigo) é a maior de todos os tempos". Os estoques de tais safras se aproximam da sua maior baixa em 30 anos, e a demanda por cereais está crescendo, especialmente por parte da China, disse.

Mas, o mais curioso, da perspectiva do investidor, é que os ganhos com ações da Monsanto vêm sendo correlacionados com um súbito aumento de outra commodity - o petróleo. No decorrer do ano passado, o preço da ação da Monsanto teve uma correlação com o petróleo bruto de 0,94 (a mais alta correlação possível é 1). Comparativamente, no decorrer do mesmo período, as ações de uma titã de energia como a ExxonMobil registram uma correlação de somente 0,84 com os preços do petróleo bruto. Mais ainda, a correlação das ações da Monsanto com o preço do milho é de escassos 0,17.

Isso explica dias de comercialização como 12 de novembro último, quando as ações da Monsanto caíram mais de 7%. A queda poderia ter sido o resultado de uma realização de lucros. As ações tinham recebido um impulso no pregão anterior. Mas as ações do petróleo também caíram naquele dia, quando a Opep pensou em aumentar o suprimento.

O que está acontecendo? Evidentemente, a demanda por etanol tem feito soprar um vento a favor das empresas agrícolas e é uma razão importante pela qual os suprimentos de milho e outros cereais estão minguando. Quanto mais cereais são usados para fazer biocombustíveis, menos sobra para a produção de alimentos. Isso tende a elevar os preços. "Certamente, o que tem mantido o setor de agronegócio a todo o vapor é o etanol extraído do milho", disse Charlie Rentschler, analista da Wall Street Access. Mas seu índice de compra deriva dos mercados-núcleo da empresa, e ele acha que a relação com o petróleo é um "desvio".

De fato, alguns analistas estão inclinados a ver a correlação entre as ações da Monsanto e as do petróleo bruto como um acaso estatístico. "Provavelmente, é um acaso feliz", diz Mark Gulley, analista da Soleil-Gulley & Associates. "Muitos dos mesmos fatores têm impulsionado os preços de todos os tipos de commodities." Talvez os biocombustíveis venham desempenhando um papel maior no preço das ações da Monsanto do que se pensava antes. Os executivos da empresa ressaltam que suas ações não se movimentam em harmonia com outras commodities agrícolas. "Não queremos ser a jogada agrícola cíclica - não temos sido", disse em outubro o vice-presidente da Monsanto, Carl Casale. Ele está certo. Mas poderia a Monsanto ser uma jogada cíclica do petróleo? Afinal, com o preço do barril passando dos US$ 100, essa não é uma posição tão ruim assim para se estar.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

GOVERNO ANUNCIA RECORDE DE 5877 ESCRAVOS LIBERTADOS MEM 2007

Originalmente publiado em http://www.reporterbrasil.com.br/exibe.php?id=1266

Por Repórter Brasil

O conjunto de trabalhadores libertados de situação análoga à escravidão pelo grupo móvel de fiscalização do governo federal alcançou 5.877 trabalhadores em 2007, de acordo com informações divulgadas nesta quarta-feira (16) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Trata-se do maior número de pessoas libertadas desde 1995, quando esse tipo específico de fiscalização iniciou suas atividades. Os dados de 2007 suplantaram o recorde anterior estabelecido em 2003, ano em que 5.223 trabalhadores foram libertados.

Os pagamentos de direitos devidos aos trabalhadores (R$ 9,8 milhões) e o total de autos de infração lavrados (3.075) em 2007 também superaram as marcas dos anos anteriores.

O recorde de 110 operações realizadas em 2007 foi atingido mesmo com as mais de três semanas de paralisação (entre 21 de setembro e 15 de outubro) do grupo móvel durante o ano. Nesse período, a Secretaria de Inspeção de Trabalho (SIT) do MTE decidiu supender as atividades em decorrência de pressão exercida por uma comissão formada por senadores que tentou deslegitimar uma ação do grupo móvel realizada no final de junho na fazenda e usina Pagrisa. Na operação, em Ulianópolis (PA), 1.064 trabalhadores rurais foram libertados.

No ano passado, 197 fazendas foram fiscalizadas em 2007, não superando o recorde de 275 propriedades rurais visitadas pelo grupo móvel em 2004.

Nos últimos 12 anos, um total de 27.645 pessoas foram libertadas, em 1.184 fiscalização realizadas em 621 operações. De 1995 até hoje, os direitos trabalhistas pagos somaram aproximadamente R$ 38,4 milhões e o MTE promoveu a regularização em carteira de trabalho de 27.101 brasileiros e lavrou 18.116 autos de infração.

Levantamento parcial da Comissão Pastoral da Terra (CPT) de 28 de dezembro de 2007 confirma as proporções apresentadas pelo MTE. De acordo com a CPT, foram libertados em 5.467 trabalhadores em 2007.

Segundo a CPT, porém, houve um recuo no volume de denúncias de trabalho escravo, que são as principais referências para o planejamento de operações do grupo móvel. Em 2007, houve 254 denúncias, enquanto que em 2003 foram 265 e, em 2005, 275.

APAGÃO? QUE APAGÃO?

A possibilidade de apagão em 2008 e 2009 não parece tão séria quanto a quase crise energética de 2001-2002. Ainda que preocupante, a situação atual do sistema elétrico nacional é pouco melhor do que há seis anos, mesmo se ocorrer até 2010 um crescimento econômico na casa dos 5%. É fato que nos últimos anos aumentou muito o consumo pesado de energia, mas os dados objetivos indicam que o Brasil está melhor equipado hoje para crescer do que nos anos anteriores, do ponto de vista da acumulação de energia em seus reservatórios.

O sítio de internet do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostra isso. Ao longo de todo o ano passado, havia mais água acumulada nos principais reservatórios brasileiros do que em 2000, quando se prenunciava a crise energética do ano posterior. O armazenamento de água no sudeste e no centro-oeste, onde estão os maiores reservatórios do País, fecharam dezembro último com 46.17% de energia acumulada. Em dezembro de 2000, eram 28.52%. Esse dado é muito importante.

O sistema brasileiro funciona como uma caixa que armazena hoje a água que irá movimentar as turbinas e gerar energia nos anos seguintes. Assim, é possível antecipar com razoável grau de certeza qual tendência (de mais ou de menos chuva) irá predominar.

Porém, é importante observar que, se de fato vier o apagão não pode ser atribuído somente aos humores de Pedro. Foi o que apontou em 2001 o então presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Jélson Jelman (hoje presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel). Ele coordenou a elaboração do Relatório da Comissão de Análise do Sistema Hidrotérmico de Energia Elétrica, conhecido como Relatório Kelman. O estudo avisava que um eventual período de menor intensidade de chuvas não é a causa da falta generalizada de energia. Não no Brasil.

O território brasileiro é tão grande, que, ao contrário da maioria de outras nações, possui não apenas um, mas dois regimes hidrológicos complementares. Grosso modo, um fica no norte do País e outro, no sul. Em geral, quando um apresenta menores índices de chuva o outro acumula tanta água que os reservatórios vertem – isto é, as usinas atingem 100% de sua capacidade de produção e as comportas são abertas para que a água não seja acumulada.

Se uma parte do sistema elétrico nacional está carente de energia, basta acionar as usinas que possuem água nos seus reservatórios. Elas injetam no sistema, que é quase todo interligado como em um condomínio, a energia que pode ser utilizada em praticamente todo território nacional. Porém, não é simples a concepção e a execução desse sistema. Ele exige contínua mobilização de enormes recursos. Se não se tomam as devidas ações em seu tempo exato, incorre-se em riscos maiores.

À época do quase apagão tucano, descobriu-se que o estratégico setor da transmissão de energia recebera muito menos investimentos do que a geração e a distribuição de energia, que apresentam maiores taxas de retorno dos investimentos. Um erro particularmente grave em um País extenso e com os regimes hidrológicos complementares que carecem de vias de transporte para esse enorme fluxo de energia, de um canto para o outro da nação. Entre muitas outras razões, essa foi um das causas da crise a que se chegou em 2001.

Então, é o caso de perguntar: há algum erro do mesmo quilate nas gestões petistas?

O que se pode afirmar é que quadro hidrológico atual não sustenta a histeria sobre a eventual falta de energia. Mesmo se considerarmos que o consumo cresceu quantitativa e qualitativamente,.ainda é pouco provável que se repita a situação de 2001. A gravidade da situação reside na forma de o governo administrá-la. Porque, mesmo longe de ser crítica, já exige atenção concentrada.

Mas, Lula e a Chefe da Casa Civil Dilma Roussef, ex-titular do Ministério das Minas e Energia (MME) e responsável política pela atual institucionalidade do setor misturam medidas preventivas contra a crise e a controversa nomeação de Edison Lobão para o MME, na tentativa de recuperar a maioria no senado. Perdem tempo e energi na administração de um setor altamente complexo.

Sem um Plano B, caso as chuvas não alcancem índices confortáveis até abril, o governo sequer considera deslanchar um amplo programa nacional de economia de energia combinado com o enfrentamento dos efeitos das mudanças no clima. Não leva em conta soluções que evitem as emissões de gases poluentes e optam por acionar termelétricas movidas a óleo combustível, que serão alimentados por uma enorme frota de caminhões em fluxo contínuo, para produzir energia da pior qualidade. O óleo é caro e não possui a qualidade dos óleos dos países mais desenvolvidos. Sua queima emite gases causadores do aquecimento global e outros poluentes, que atingem em cheio a saúde humana.

Em nenhum momento, o governo considerou adotar medidas racionais, como o corte dos subsídios de empresas intensivas no consumo de energia e que exportam a maior parte da sua produção. Não pensou, também, em economizar energia em suas próprias instalações para detonar o efeito demonstração.

Assim, espremidos entre a irresponsável histeria pró-apagão e a necessidade de o primeiro escalão superar disputas partidárias, continuamos sem política energética de longo curso. Não aproveitamos as lições de 2001, quando se economizou uma quantidade enorme de energia, nem a oportunidade atual para desenvolver políticas públicas de redução de emissões. Ao contrário, o governo segue fazendo o que sempre fez, em matéria de macroeconomia: mais do mesmo. (Também publicado em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?cod_Post=87091&a=112)