quarta-feira, maio 23, 2007

BANCO DO SUL: É AGORA OU NUNCA

Quando se reuniram em assunção na terça (22) os presidentes de países do Mercosul tiveram diante deles a possibilidade de tomarem uma decisão histórica: a provável criação do Banco do Sul. Proposto inicialmente pela Argentina e pela Venezuela, o Banco do Sul deve ser, ao mesmo tempo, um banco de desenvolvimento e um fundo regional de reservas para proteger seus sócios de ataques especulativos. Além da importância econômica evidente, a iniciativa terá enorme impacto político, pois diminuirá sensivelmente o poder que os EUA exercem na América do Sul via FMI e Banco Mundial.

Entretanto, a dimensão econômica é apenas parte das possibilidades que seriam abertas pela criação de um organismo financeiro mantido e gerido pelos governos sul-americanos e fora da órbita do dólar. O Banco do Sul pode e deve assumir responsabilidades que vão muito além de apenas ser um alternativa à moeda estadunidense.

Numa época em que o planeta finalmente reconhece que a civilização do carbono coloca em risco a própria existência humana, um Banco que nasce sob o signo da maior mudança na arquitetura financeira global desde a criação das instituições de Bretton Woods, em julho de 1944, e da posterior adoção do padrão-dólar, no início da década de 1970, precisa ser utilizado para superar o impasse criado pelas mudanças no clima.

Pode, por exemplo, financiar o desenvolvimento de uma economia que puna a utilização de processos e produtos ricos em carbono, mas que desenvolva premiações para a manutenção em pé florestas inteiras (especialmente a amazônica) e desestímulo ao uso de fontes de energia e de processos intensivos em carbono.

Se essas duas orientações forem articuladas com o financiamento a atividades econômicas complementares entre os países da região, e voltadas para atender a demandas históricas nos campos da educação, saúde, habitação e outras da área social, este Banco marcará o momento de uma segunda independência dos países sul-americanos e apontará para um futuro de renda muito menos concentrada na região.

As dificuldades do parto
Apesar da missão nobre, o parto do Banco do Sul enfrenta dificuldades. A maior economia da região, a brasileira, está voltada para atender prioritariamente ao mercado internacional, o que a distancia de uma instituição orientada para o mercado interno regional. E, para dificultar ainda mais, os grandes entusiastas do Banco do Sul - Chávez, Evo Morales e Rafael Corrêa, do Equador – baseiam suas estratégias de crescimento econômico na exploração de importantes reservas de gás natural e de petróleo que seus países possuem, o que colocaria o Banco em rota de colisão com o desenvolvimento de uma antieconomia do carbono.

De toda forma, concordando ou não, os governos que tocam a idéia do Banco sabem que não podem perder tempo. A conjuntura que possibilita a criação do Banco do Sul depende da gigantesca fome da China por bens primários – fome que ninguém sabe até quando dura. A despeito dos efeitos sociais e ambientais que geraram, as importações chinesas resultaram nas mais robustas reservas em dólar da história dos sul-americanos, que venderam centenas de milhões de toneladas de aço, cobre, carne e soja para os chineses.

Ou o Banco do Sul é criado já, aproveitando essa conjuntura, ou dificilmente a bonança política e econômica se repetirá em outro momento. É agora ou nunca.

Brasília vacila; o Equador lidera
Os sócios do Banco do Sul discordam em vários temas. Brasília está mais preocupada com seu peso econômico específico e com vantagens pontuais que essa condição lhe proporciona no mercado internacional. Por esta razão, o Brasil ainda não aposta veementemente nessa nova instituição financeira. Foi o último dos seis países (Argentina, Bolívia, Brasil, Equador, Venezuela e Paraguai) a se integrar (em 3 de maio) ao grupo (Argentina, Bolívia e Venezuela) que vem debatendo o assunto desde janeiro.

Tem dúvidas em aderir, mas sabe que não pode ficar à margem de tal iniciativa, ou Chávez, que já desempenha informalmente o papel de emprestador de última instância, comprando títulos da Argentina, Uruguai e Bolívia, vira caudatário do novo organismo e líder inconteste da região. Chávez e Kirchner já teriam, inclusive, convidado observadores da Ásia e África a integrar as discussões do Banco, abrindo a países de outras regiões a possibilidade de integrarem o Banco no futuro, numa clara estratégia global de enfrentamento do FMI e dos EUA.

Por isso, técnicos do Ministério da Fazenda comparecem às reuniões (acontece mais uma no início de junho em Brasília) e Guido Mantega afirma que o Brasil ingressará no Banco. Mas, nem Lula nem o Itamaraty pronunciam-se firmemente a favor da nova instituição.

O curioso é que a vacilante posição brasileira acaba colocando uma pitada de prudência na iniciativa. Os primeiros rascunhos do Banco, elaborados por argentinos e venezuelanos, propunham a reedição dos mesmos instrumentos neoliberais de captação de recursos e endividamento que levaram o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco Mundial e o FMI à inutilidade em que se encontram agora.

Ao perceber o problema, o governo do Equador – o principal articulador do Banco, através de seu ministro da fazenda Jorge Patiño - alterou os pressupostos do futuro organismo, que passou a apontar, inclusive, para a possibilidade de ancorar o projeto da moeda única para a região.

O clima e a bomba-relógio amazônica
Se o Banco se transformar no primeiro grande instrumento de financiamento a uma antieconomia do carbono, subsidiando processos produtivos que ajudem a diminuir as emissões de gases das mudanças no clima global, teria enorme impacto positivo para o planeta inteiro e, particularmente, para a bacia amazônica.

Ela é vista por poderosos agentes estatais e privados, nacionais e internacionais, como simples produtora de diferentes tipos de energia – e essa “missão natural” atribuída á região nos exige considerar um cenário futuro em que a bacia atraia atenção de tipo semelhante à dispensada às reservas de petróleo do Oriente Médio.

Ao manter florestas em pé e as fontes carboníferas como desinteressantes economicamente, e ao desenvolver a ocupação economicamente sustentável do território, uma antieconomia carbonífera contribuiria para desmontar a bomba-relógio do interesse sobre a região, preservando as vastas reservas de água (na atmosfera, sob a forma de vapor d´água, na superfície e nos reservatórios de subsolo), de gás natural e de petróleo.

Se o Banco do Sul não for consenso agora em Assunção, já existem duas outras datas em que o lançamento oficial poderia acontecer. A primeira seria outra reunião de cúpula do Mercosul, que acontece em fins de junho, outra vez em Assunção. A segunda seria mais ao estilo Chávez: durante a abertura da Copa América de futebol, na Venezuela, que acontece na mesma época.

Qualquer que seja o local escolhido, entretanto, todos sabem: a hora é essa.


Também publiucado em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?cod_Post=59117

quarta-feira, maio 16, 2007

DÚVIDA

O governo começa a mudar seu discurso sobre as hidrelétricas do Madeira (e a imprensa ainda não pescou essa correção de rumos).

Antes, furiosos, os Ministros Dilma e Silas Rondeau perpetravam o FlaXFlu do Madeira: "sem Jirau e Sto Antônio, serão necessárias usinas a carvão e nuclear".

Agora, depois de articulistas (inclusive a Miriam Leitão) apontarem que o Madeira produziria em 2010 apenas 500 MW (insuficientes para garantir PIB a 5%), Lula admite que "até 2011, 2012", não haverá apagão.

Boa.

Ponto para os de bom senso.

Mas...Uma dúvida permanece.

Será que o coro dos contrários seria tão intenso se o presidente fosse o Alckmin?

sexta-feira, maio 11, 2007

O BRASIL SEM POLÍTICA CLIMÁTICA

Mesmo sendo um dos três países em desenvolvimento que mais emitem gases causadores de mudanças no clima da Terra, o Brasil não desenvolveu – nem dá mostras de que o fará - uma política nacional para superar as suas “vulnerabilidades”, ou seja, as suas fragilidades no enfrentamento do problema.

E por que não?

Afinal, segundo a Convenção do Clima, da ONU, em 1994 (último ano pesquisado), o País emitiu quase 1,47 bilhões de toneladas de gases causadores do Efeito Estufa. A China, campeã dos poluidores entre os países menos desenvolvidos (aqueles que, pela Convenção, não têm obrigação de reduzir emissões), no mesmo ano emitiu 3,65 bilhões de toneladas. A Índia, também no grupo das duas primeiras, emitiu 1,23 bilhões de toneladas. Os EUA teriam obrigação de reduzir emissões porque estão no primeiro time da sujeira – o dos países ricos. Sozinhos, poluíram a atmosfera com 6,3 bilhões de toneladas, segundo números de 2004.

A omissão do Brasil é particularmente grave. O País gera enorme injustiça social contra o seu enorme contingente de pobres – aqueles que serão os mais vulneráveis caso se repitam aqui tragédias como o furacão Katrina, que devastou Nova Orleães.

Ou seja, ao se omitir, o País ajuda muito a condenar boa parte de sua própria população. E, por favor, não me digam que Katrinas não acontecem no Brasil. Santa Catarina também não tinha registros de furacões. Passou a tê-los a partir de 2004.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) aponta que um quadrilátero formado pelo leste do Piauí, o sul do Ceará, o norte da Bahia e o oeste de Pernambuco é a região brasileira que dispõe de menos recursos para ajudar a população local em caso de desastres naturais. Aí estão algumas das cidades de menor Índice de Desenvolvimento Humano no Brasil. De acordo com o Inpe, elas podem enfrentar secas de 10 ou mais anos seguidos.

Lá, o Brasil real está muito pouco preparado para atender a situações de emergência. O Estado brasileiro teria condições de, no máximo, distribuir cestas básicas aos eventuais atingidos. Mas, para enfrentar tamanha dificuldades, é necessária uma ampla infra-estrutura de defesa civil - um verdadeiro luxo, se lembrarmos que a distribuição de cestas básicas é o máximo que o governo consegue fazer em termos de política pública para atingidos por desastres (naturais ou não).

O governo sabe da probabilidade desses desastres climáticos e das fragilidades para enfrentá-los. Mas, faz ouvidos de mercador e sequer esboça um debate nacional a respeito das mudanças climáticas. O máximo que faz é realizar seminários que terminam em conclusões gravíssimas e decidem pela realização de novos seminários que também concluem pela mesma gravidade da situação.

José Antônio Marengo, cientista do Inpe, foi além dos seminários. Ele entregou em 26 de fevereiro ao Ministério do Meio Ambiente um estudo sobre cenários possíveis em 2100 – utilizando um arsenal técnico semelhante aos do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (o IPCC, da ONU). Em 2005, Marengo já havia despachado para o Núcleo de Ações Estratégicas da Presidência da República estudo semelhante.

Enquanto faz cara de paisagem para o problema, o Brasil vai se metendo numa saia que fica cada vez mais justa. Principalmente após a divulgação na sexta (4) de outro capítulo do Quarto Relatório de Avaliação do IPCC, em Bangcoc, na Tailândia.

O IPCC confirmou o que cientistas e ambientalistas brasileiros apontam há muito tempo: a ampla maioria das nossas emissões provêem da queima da floresta amazônica. Mas, como é para lá que avança o grande negócio agrícola, que garante o superávit primário que o Banco Central enxerga como cláusula pétrea da economia financeirizada, praticamente nada se tem feito para reverter essa desgraça. (Aliás, é para lá também que aponta a indústria do etanol, a mais recente panacéia brasileira.)

No sentido contrário, o IPCC afirma que manter a cobertura vegetal original e impedir o desmatamento são estratégias prioritárias para “alcançar a estabilização climática”.
O governo reconhece sua responsabilidade nas emissões, mas sempre lembra que as alterações na atmosfera atualmente são resultado de emissões feitas pelos países enriquecidos, principalmente os EUA e a Inglaterra, desde a Revolução Industrial.

Esse é um argumento que, no extremo, pode levar ao imobilismo, dizem entidades sérias como o Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia (IPAM), sediado em Belém (PA). Misto de organização não governamental e centro de pesquisas científicas, o Ipam atribui a pouca importância que governantes dão para o tema ao fato de as conseqüências das alterações climáticas só se manifestarem em centenas de anos, enquanto os políticos estão mais interessados em tomar atitudes que gerem impactos no período de seus mandatos.

Ou seja, por enquanto, mitigar problema climático ainda não dá voto e isso explica porque o PAC sequer mencionou a questão ambiental – a não ser para anunciar uma medida administrativa para acelerar a concessão de licenças.

Em sua defesa, o governo não cansa de repetir que ajudou a elaborar as premissas do Protocolo de Kioto. A primeira delas é a noção de contribuições históricas dos países desenvolvidos para as emissões de gases do Efeito Estufa, o que nos tiraria a obrigação de reduzir nossas emissões no presente. Se acontecer um furacão agora, argumenta o governo brasileiro, o Brasil terá pouca responsabilidade sobre ele, uma vez que só contribuiu com 2% das emissões históricas totais no planeta. Começamos a produzi-las a partir da nossa industrialização tardia, há cerca de 50 anos, dois séculos depois que os países ricos começaram a despejar na atmosfera seus gases poluentes.

O governo também lembra que, mesmo sem ter a responsabilidade de reduzir emissões, registra 206 projetos de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo no Brasil, que representam 10% dos projetos de MDL em todo o mundo. Tais projetos evitam o despejo de mais poluentes no ar.

O mantra das desculpas oficiais justifica a inação criando uma falsa oposição entre setores complementares. Diz que não pode investir na superação das vulnerabilidades porque precisa dos recursos para saúde, educação, saneamento... Garante o governo que as queimadas já teriam diminuído 50% desde 2005.

Em verdade, o governo só foi responsável por parte dessa melhora, ao criar em 2004 e 2005 240,000 km2 de novas áreas protegidas na Amazônia. A taxa de crescimento do desmatamento, entretanto, reduziu-se porque neste período caíram as cotações internacionais das mercadorias agrícolas, principalmente da soja, cujo plantio em áreas de florestas derruba e queima de árvores.

Neste cenário rebaixado, seria demais esperar que o governo imaginasse soluções criativas – como, por exemplo, colocar sua máquina de financiamento para induzir mudanças na matriz energética ou criar instrumentos creditícios que desestimulem a degradação de áreas florestadas. Ao contrário, orienta toda sua atuação no sentido do crescimento econômico predador.

É o caso da atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes). A empresa, maior financiador de longo prazo no Brasil para o setor industrial, aportará quase cinco bilhões de dólares para empresas nacionais e estrangeiras construírem, até 2013, 77 usinas de álcool.

Mas, a aparente pujança econômica no fundo significa prenúncio de nova rodada de devastação amazônica, devido à destinação das melhores terras agricultáveis para a cana no sudeste e centro-oeste. Com terras mais caras em suas regiões tradicionais, a soja, o gado e outras mercadorias agrícolas buscariam novas fronteiras na borda da floresta.

O clima, enquanto isso, segue à espera de alguma sensibilidade oficial.

(Também publicado em www.noblat.com.br - http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?cod_Post=57487 )

quarta-feira, maio 02, 2007

BANCO DEL SUR EN DEBATE

Eduardo Tamayo G.*


El próximo 3 de mayo se realizará en Quito una reunión de los ministros de Finanzas y Hacienda de los seis países que impulsan el Banco del Sur para debatir sobre las funciones que éste debe tener, anunció Ricardo Patiño, ministro de economía del Ecuador durante el seminario internacional “Ilegitimidad de la deuda externa” que se realiza en Quito del 25 al 27 de abril.

Compartieron la mesa con Patiño, Oscar Ugarteche, presidente de ALAI e integrante de la Red Latinoamericana sobre Deuda, Desarrollo y Derechos, Perú, y Pablo Dávalos, miembro de la Asociación para una Tasa a las Transacciones Financieras y la Acción Ciudadana, ATTAC - Ecuador.

Patiño, quien es miembro de la campaña Jubileo Sur, se refirió a los justificativos y a los propósitos del Banco Sur, así como a las diferencias que existen entre los países que promueven esta iniciativa que son Venezuela, Ecuador, Argentina, Bolivia, Brasil y Paraguay.

“La idea fue surgiendo en los foros internacionales (de la sociedad civil) y fue madurando cuando los gobiernos progresistas de Argentina, Bolivia, Venezuela y Ecuador tomaron la decisión de pensar colectivamente cómo sería posible un Banco del Sur con depósitos fundamentalmente de la banca pública de los países del Sur y creando una estructura financiera”, señaló Patiño. Agregó que estas conversaciones iniciales también concitaron la atención de los gobiernos de Paraguay y de Brasil que se mostraron interesados en la constitución del Banco del Sur, aunque algunos países quieren ir más rápido y otros más despacio.

Como demostración de la voluntad política de los 6 países para impulsar el proyecto del Banco del Sur, en el último mes se han realizado cuatro reuniones de los comités técnicos. La próxima reunión de los ministros de economía en Quito y la presencia en la misma del presidente Rafael Correa es un indicativo de la aspiración de concretar esta iniciativa lo más pronto posible. El Banco del Sur arrancaría con un capital inicial de 7.000 millones de dólares, de los cuales 600 serían aportados por Venezuela.

¿Para qué el Banco del Sur? El ministro Patiño señaló que una razón fundamental es de tipo financiero y económico. El conjunto de reservas internacionales que tienen los seis países mencionados suman 164.000 millones de dólares, dineros que están depositados en bancos de Estados Unidos y Europa. Pero se da la paradoja de que “nuestros países tienen todo ese dinero depositado ganando tasas de interés muy bajas, sin embargo, después están pidiendo al Banco Mundial (BM), al Fondo Monetario Internacional (FMI) y al Banco Internacional de Desarrollo (BID) que les ayuden a solucionar sus problemas financieros cuando tenemos un caudal inmenso de ahorros de nuestros países que pudieran ser utilizados para estos mismos fines sin caer en las condicionalidades” que imponen estos organismos, agregó.

“Si nos referimos a los desembolsos (de los organismos financieros), en el 2005, el BID prestó a la región, 4898 millones de dólares; el Banco Mundial 5087 millones de dólares y la Corporación Andina de Fomento (CAF) 1337 millones, sumando todo, tenemos 11. 322 millones y nosotros tenemos represados 164.000 millones de dólares, 10 veces más de los créditos que recibimos con condicionalidades de todo tipo”, dijo Patiño.

El funcionario ecuatoriano también señaló que los gobiernos de Chile, Colombia y Perú han manifestado su total desacuerdo con el Banco del Sur, argumentando que está muy contentos con la CAF, el BID y el Banco Mundial ya que “están siendo atendidos”. Respecto a las diferencias conceptuales entre los países que impulsan el Banco del Sur, Patiño destacó que los puntos de divergencia giran en torno a cómo operaría el Banco del Sur (si el voto es por países o por acciones, pero en todo caso hay acuerdo de que ningún país tendría hegemonía), la relación y el papel que tendría el Banco del Sur con el Fondo Latinoamericano de Reservas (FLAR) y la CAF, si se debe incluir solo a los países de la región o de otros continentes, si deben formar parte como accionistas los organismos financieros multilaterales aunque sin tener capacidad de voto, entre otros.

El economista peruano Oscar Ugarteche planteó que el Banco del Sur se ubica en una unidad geográfica que es América del Sur (y con la participación de Nicaragua) y que en este sentido debería ser la expresión financiera de la Unión Sudamericana (UNASUR). En el contexto mundial, este proceso de integración abre la posibilidad de negociar como bloque. Propuso que debería trabajarse en el proyecto de una moneda única para salir de la influencia del dólar y de las condicionalidades del Banco Mundial y del FMI. Lo que no debe repetir el Banco del Sur es la experiencia fracasada del Banco Mundial que actúa como partido político en función de los intereses de Estados Unidos.

El economista ecuatoriano Pablo Dávalos expresó que la creación del Banco del Sur no debe verse desde una visión financiera sino desde una visión geopolítica y epistémica, que implique: la reformulación de los contenidos del financiamiento para el desarrollo; las posibilidades de integración bajo criterios de complementariedad y subsidiariedad, y la generación de un pensamiento propio que se deslinde de manera definitiva de los marcos teóricos del neoliberalismo.

A criterio de Dávalos, el Banco del Sur no debe competir con el BID, el Banco Mundial o la CAF en el financiamiento de proyectos de desarrollo ni entrar a apoyar complementariamente proyectos como la Iniciativa para la Integración de la Infraestructura Regional Suramericana (IIRSA) que beneficia al gran capital y privatiza el territorio. Este debe establecer nuevas propuestas para “proteger a los países de la globalización financiera y de la intromisión política que implican las condicionalidades del BID, de la CAF, del Banco Mundial y del FMI, sea en su forma implícita, como condicionalidad invisible, sea en su forma explícita de control a través del mecanismo de la no-objeción”.

Señaló, por último, que el Banco del Sur puede abrir líneas de crédito para cubrir los saldos de los proyectos del BID y del Banco Mundial que están pendientes en la región, para la reactivación productiva, para investigación y desarrollo y para solucionar problemas de liquidez de los diferentes países.

Publicado originalmente em ALAI AMLATINA e em http://www.rebelion.org/noticia.php?id=50218

QUE HACER CON TANTO DINERO?

Theotonio Dos Santos*


El aspecto más crucial de la presente coyuntura económica mundial es el enorme excedente de recursos monetarios en manos de los países en desarrollo. Esta situación es una consecuencia inmediata de tres fenómenos relativamente interrelacionados.

En primer lugar, es fruto de los enormes excedentes de comercio exterior que disponen estos países debido al espectacular aumento de sus exportaciones y un modesto crecimiento de sus importaciones. El crecimiento de las exportaciones tiene que ver con la política irresponsable de valorización del dólar que sigue el actual gobierno de Estados Unidos intentando mantener un poder de compra de su población que seguramente no puede mantenerlo indefinidamente.

También tiene que ver con la fuerte inserción de China en el mercado mundial como compradora en expansión colosal. Cabe anotar de paso que el gobierno chino no ha atendido las presiones estadounidenses para una valorización de su moneda. Si pusiera en práctica estas orientaciones tendría un impacto aún más fuerte en el mercado mundial a pesar de que disminuiría su superávit comercial y su disponibilidad de recursos monetarios.

En segundo lugar, estos excedentes vienen del aumento espectacular de la emigración de las poblaciones de los países periféricos hacia los centrales, lo que genera una remesa de moneda muy grande hacia los países de origen. En varios de ellos, incluyendo a países de la importancia de México, estas remesas se encuentran entre las principales fuentes de recursos provenientes del exterior.

En tercer lugar, los movimientos de capital dentro de la tríada de los desarrollados (EE.UU., Europa y Japón) han disminuido a favor de los principales polos de crecimiento mundial, sobretodo China. Las altas tasas de interés mantenidas por las economías dependientes y las "privatizaciones" a bajo precio también han atraído capitales a estas regiones pero sus fuentes casi se han agotado. Las pocas empresas que restan están más defendidas internamente, sobretodo frente al fracaso de las llamadas privatizaciones que son abandonadas cada vez más por las empresas privadas que solo quieren más ganancias sin mayores inversiones.

Estas razones tienen que ver con aspectos estructurales que son difíciles de cambiar y por lo tanto no deben experimentar cambios inmediatos. En la década de los ochenta del siglo pasado tuvimos también fuertes superávits comerciales en los países del sur pero ellos fueron usados para pagar los intereses de las deudas externas. Con la suspensión del pago de las deudas externas al final de la década y sus renegociaciones políticas, comandadas por el Plan Brady, se formaron reservas importantes al comenzar la década del 90. En vez de utilizarlas para fortalecer su capacidad de negociación, las elites colonizadas de nuestros países utilizaron estas reservas para fortalecer sus monedas nacionales, disminuir sus exportaciones y aumentar sus importaciones, generando verdaderas euforias consumistas de sus clases medias. Estas se enojaron enormemente cuando descubrieron que no se puede vivir indefinidamente de rentas. .

El auge monetario que se vive actualmente tiene estos precedentes claros. También conocemos muy bien lo que pasó con los petrodólares de los productores de petróleo en la década de los setenta. Por otro lado, la dimensión de las reservas del Tercer Mundo en la coyuntura actual es demasiado elevada como para hacerla desaparecer con tanta facilidad como en las situaciones anteriores.

Por fin, los gobiernos progresistas que se ha constituido en las regiones emergentes vuelven a encontrarse con el pensamiento económico progresista de América Latina y gran parte del Tercer Mundo. La teoría de la dependencia ya los había alertado sobre este tipo de problemas hace muchas décadas. Sobretodo cuando hay gobiernos que están alertando y tomando posiciones a partir de la utilización ofensiva de estos excedentes queda por demás evidente el crimen que representa entregar estos recursos a bancos internacionales que pagan intereses muy inferiores a los que obtienen en nuestros países dependientes y semicoloniales.

También hay que señalar la creciente oposición entre los intereses del capital bancario y financiero y los del sector productivo que se encuentra ahogado por los altos intereses. La hora es de devaluación de activos, sobretodo financieros, a favor del consumo productivo. Estamos en vísperas de un movimiento mundial que pugna por bajar las tasas de interés y retomar el crecimiento económico. Digamos de paso que esta nueva ola de crecimiento económico y del empleo no generará inflación. Por el contrario, la baja de los intereses ayudará a bajar los precios, pero también la baja de los activos mundiales estimulará nuevas inversiones en tecnologías de productividad cada vez más altas, favoreciendo una deflación de precios de todo tipo de mercancías.

Por último veamos los datos sobre el aumento de los recursos en manos de los países del Tercer Mundo en este momento, cuantías que tienden a crecer cada mes en dimensiones extraordinarias. Hagan la suma:

Las reservas internacionales más importantes las tiene en este momento China con 1.066 mil millones de dólares (más de un billón en español o 1 trillón en inglés o portugués). En seguida tenemos a Rusia, con 311 mil millones de dólares; en tercer lugar, India, con 193 mil millones de dólares; en cuarto lugar, Brasil con 106 mil millones de dólares, hasta aquí están los BRICs; en quinto lugar, México, con 68 mil millones de dólares; en sexto lugar, Turquía con 59 mil millones de dólares; en séptimo lugar, Argentina con 35 mil millones de dólares; en octavo lugar, Venezuela, con 34 mil millones de dólares; en noveno lugar, Chile con 19 mil millones de dólares; en décimo lugar Colombia con 16 mil millones de dólares.

Si estos países dejan de juntar su plata en dólares y de pagar intereses a Estados Unidos tendremos un decisivo vuelco en la economía mundial. De un lado, el debilitamiento definitivo del dólar, de otro, la creación de un poder financiero colosal del Tercer Mundo volcado hacia la investigación y el desarrollo, la compra de maquinarias de alta tecnología y hacia proyectos de disminución de la pobreza y de pleno empleo y sobretodo hacia la creación de una infraestructura moderna en el Tercer Mundo.

LA VERDAD ES QUE EL BANCO DEL SUR ES EL CAMINO PARA ESTE CAMBIO ESTRUCTURAL EN LA ECONOMÍA MUNDIAL. La principal limitación es la estrechez mental y moral de nuestra clase dominante. Es mucho más fácil recibir un buen sueldo de las multinacionales y sobretodo de los bancos internacionales que luchar por un cambio fundamental de nuestra realidad. No nos olvidemos también de nuestra formación intelectual: es mucho más fácil seguir los modelos elaborados en los centros de poder
cultural mundial que producir nuestra propia cultura. Son barreras de difícil superación.


*Director-presidente de la Cátedra y Red de la UNESCO y de la Universidad de las Naciones Unidas sobre Economía Global y Desarrollo Sostenible. www.reggen.org.br . Publicado originalmente em ALAI AMLATINA e em http://www.rebelion.org/noticia.php?id=50249

CHÁVEZ AMENAZA CON IRSE DE LA OEA

Es en caso de que el organismo lo condene por violación a la libertad de expresión por no renovar la licencia a una televisora privada. El mandatario venezolano la acusa de haber participado en el golpe de 2002. "Cuba se retiró y no se ha muerto", sostuvo. Y aseguró que su país "está mejor sin el FMI y sin el Banco Mundial" y llamó a "hacer un esfuerzo por independizarnos" de la actual institucionalidad internacional.

Nota publicada en Clarín.com. Para leerla haga click en el siguiente link:http://www.clarin.com/diario/2007/04/29/um/m-01409657.htm

LOS DATOS SON TERCOS

Theotonio Dos Santos*

La producción de datos sobre la economía mundial es cada vez más abundante y precisa. Ellos tienen, sin embargo, una característica permanente: a pesar que el FMI y el Banco Mundial y varias instituciones internacionales comprometidas con el llamado pensamiento único tienen gran responsabilidad en su elaboración, en su clasificación y en su uso para comparaciones internacionales, ellos desmienten sistemáticamente los análisis y previsiones de esos organismos y a sus pretendidos “teóricos”.

Hemos dedicado nuestro último libro (Del Terror a la Esperanza: Auge y Declinación del neoliberalismo, Editora Monte Ávila, Caracas ) a demostrar el rebajamiento del nivel de la teoría económica que produjo el intento de volver a los temas y métodos de análisis del siglo XVIII.

Más grave aún ha sido el intento de presentar este camino reaccionario como expresión de la posmodernidad, de la superación de la modernidad, asociada ésta al Estado del bienestar y al socialismo. Es este mundo invertido e irracional que entra en crisis cada vez más con el fracaso del neoliberalismo como política económica y como paradigma teórico.

La crueldad de los datos se hace cada vez más evidente. No bastan las informaciones sobre el crecimiento de la pobreza en los países centrales y dependientes o semi dependientes. En los Estados aumentó en 26% la pobreza extrema (es decir, familias con menos de 10 mil dólares anuales de ingreso) durante los gobiernos Bush. Los datos de los países periféricos son por demás conocidos y alarmantes. La percepción de esta realidad en el momento de mayor crecimiento de la economía mundial obliga a plantear la superación de la misma como tarea fundamental de nuestro tiempo.

Pero el único lugar del mundo donde masas enormes de pobres son rescatadas de esta condición es la República Popular de China, a través, sobretodo, de sus altas tasas de crecimiento. En estos días, el Partido Comunista Chino llama a una lucha más general y amplia en contra de la pobreza en su país, mediante el apoyo a la educación, a la vivienda y a otras condiciones que definen la pobreza.

Después de más de dos décadas de políticas de equilibrio macro económico, lo único que encontramos es un discurso cada vez más substancial en contra de los impactos negativos de las políticas del pretendido fortalecimiento del “libre mercado”. En la práctica, estas políticas han reforzado un capitalismo de Estado al servicio del capital financiero internacional. El mecanismo más importante de protección al capital financiero - cada vez más ahogado en una sobre evaluación de los activos mundiales- es exactamente el aumento de las deudas públicas generadas por el pago de intereses exorbitantes o por gastos innecesarios para los pueblos como el aumento de los gastos militares.

Dos hechos son terribles para los postulados doctrinarios neoliberales

De un lado, las cifras sobre el crecimiento de los productos internos brutos (PIB) revelan que los países más exitosos y competitivos en la economía mundial son precisamente aquellos que se apoyaron en un fuerte capitalismo de Estado donde no prevalecen para nada los principios del libre mercado y del debilitamiento del Estado.

La economía que más crece en el mundo es incuestionablemente la de la China Popular bajo la dirección del Partido Comunista Chino. En contra de las fracasadas previsiones de los principales economistas conservadores, la China ha mantenido un crecimiento altísimo en los últimos 30 años y en 2006 su PIB ha crecido al 10%.

La segunda economía en crecimiento del PIB fue la India, fuertemente estatizadora, aún en sus períodos neoliberales, con 8,3% . En tercer lugar se encuentra la economía que se enfrentó al FMI cuando una ortodoxia neoliberal se aplicó radicalmente, llevándola al fracaso más dramático. Su aproximación con la Venezuela bolivariana de Hugo Chávez la hace más sospechosa aún.

Pero, escándalo total, el cuarto crecimiento económico del mundo corresponde al propio demonio: a la Venezuela del socialismo en el siglo XXI que crece al 7,5% en 2006 poniendo definitivamente abajo todas las críticas al capitalismo de Estado. Resulta claro que el petróleo es el responsable de la mayor parte de este crecimiento. Pero cupo a Hugo Chávez la tarea de rearticular este cartel mundial del Tercer Mundo que es la OPEP. A él cupo también , la de despedir algunos miles de los funcionarios de PDVSA, considerados insustituibles, y le correspondió además reorientar sus ganancias para servir a políticas sociales y antiimperialistas condenadas por los neoliberales como fuente de pérdida de eficiencia y de competitividad.

En quinto lugar está la Rusia de Putin que nacionalizó la mayor empresa de petróleo de Rusia y cometió otros actos “horribles” contra la fe neoliberal. Dio mío, en sexto lugar está la Bolivia del estatizador máximo, Evo Morales. Solo después de estos ejemplos anti ortodoxos, encontramos a los Estados Unidos del señor Bush hijo con un 3,3% de crecimiento. Hay que considerar, sin embargo, que este crecimiento se debe al aumento gigantesco de la deuda pública de EE.UU. sobretodo para financiar la guerra en Irak. Es bueno anotar que el país que aún sigue las políticas de altas tasas de interés del mundo – el Brasil - es el que presenta, al mismo tiempo, el segundo más bajo crecimiento del PIB en el mundo (2,3%). Muchos economistas, entre los cuales me encuentro, han responsabilizado directamente a la política económica de este país por su fracaso económico total en los últimos 30 años.

El segundo campo de fracaso del neoliberalismo revelado por los datos es la constatación del crecimiento espantoso de las reservas públicas en los países latinoamericanos y en todo el Tercer Mundo. Preocupados en dejar este dinero en una moneda amenazada como el dólar y con el fracaso que representó para los países árabes el reciclaje de los petrodólares, ellos plantean la posibilidad de crear un banco del sur capaz de utilizar estos colosales recursos financieros en políticas de desarrollo económico y social.

Es ridículo ver al gobierno estadounidense altamente endeudado proponer políticas asistenciales ridículas a una región que tiene inmovilizados unos 400 mil millones de dólares en reservas. Este fue uno de los principales objetivos del viaje de Bush a la región…

Asimismo, el avance de la tecnología brasileña del biodiesel y del alcohol invierte los términos del debate. En la época del unilateralismo, Brasil presenta una nueva opción tecnológica que causa mucha sorpresa para el resto del mundo con el dominio del biodiesel y del etanol. En su viaje, el presidente Bush hijo vino a proponer formas de compartir esta tecnología de gran impacto universal. Ella fue fruto de políticas industriales del Estado brasileño y nada tienen que ver con políticas neoliberales para desespero de la ortodoxia. El Banco del Sur podrá dar sustancia financiera e esta y otros descubrimientos poder biotecnológico del Tercer Mundo.


*Director-presidente de la Cátedra y Red de la UNESCO y de la Universidad de las Naciones Unidas sobre Economía Global y Desarrollo Sostenible (www.reggen.org.br ). Publicado originalmente em ALAI, América Latina en Movimiento (2007-04-26 )